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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Congado do Passado

Eco dos Tambores do Rosário

Ao longo dos anos de pesquisas das tradições populares regionais, os capitães de congado que entrevistei, deram-me algumas informações orais sobre certos grupos folclóricos são-joanenses que se extinguiram, desaparecendo das festas de reinado.

Julguei por bem listá-los e acrescentar as poucas informações colhidas, que ficarão como uma memória e outrossim, como reconhecimento aos seus esforços e ensinamentos, que repassados à geração atual, possibilitaram a manutenção da tradição do rosário ativa aqui em São João del-Rei.

*  *  *

01- Congo - Rua das Flores (atual Maestro Batista Lopes), Bairro Tijuco – Capitão João Lopes (primeira metade do século XX). Consta por via oral que festejava com seu Congo na igreja do Rosário do centro histórico e que tinha excepcional domínio da tradição congadeira. Ajudou a colher donativos para a edificação da primitiva capela de origem à Matriz de São José Operário, no Tijuco, então sob o orago de Nossa Senhora da Conceição.

02- Congo - Rua São João, Bairro Tijuco – Capitão José Francisco (primeira metade do século XX). Participava como o anterior, sendo seu coetâneo, com quem disputava a primazia dos festejos, até o começo dos anos 1940. 

03- Congo - Águas Férreas, Bairro Tijuco – Capitão Geraldo Elói de Lacerda (segunda metade da década de 1980).

04- Moçambique bate-paus - Bairro São Dimas – Capitã Márcia Aparecida Lopes (do final da década de 1990 até começo da seguinte) O grupo chamava-se “Frutos do Rosário”. 

05- Moçambique Bate-paus - Rua do Ouro, Bairro Alto Das Mercês – Capitão Tadeu Nascimento de Sousa. Surgido com forte ligação ao centro umbandista “Mãe Joana D’Arc”, aliás, primeiro nome da guarda, que surgiu composta por adultos. Depois de um ano desativado, foi recomposta pelo mesmo capitão com crianças, com o nome de “Anjos do Rosário”. 

06- Mocambique / Catupé – Vila Nossa Senhora de Fátima (Matosinhos), Capitão “Geraldão”. Guarda mista, inicialmente com predomínio de Moçambique, quando de sua fundação pelo Capitão “Geraldão”, na década de 1950, e depois com maior tendência para o Catupé, pelo seu continuador, o Capitão “Zé Tita”, que morava na Horta Velha (Bom Pastor de Baixo, Matosinhos). 

07- Congo - Povoado da Canela, Capitão “Procópio da Maria Joana”. Grupo nos moldes do que ainda existe em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, com o qual tinha franca colaboração e vice-versa, tanto que, desaparecido o da Canela, aquele faz a festa do povoado, sempre em novembro. 

08- Catupé - localidade de Mestre Ventura, Capitão “Saturnino”. A minúscula povoação só existia em função da estação férrea que ali havia, ao longo da “Linha do Sertão”, da Estrada de Ferro Oeste de Minas, km 127, inaugurada na década de 1931. Com a erradicação dos trilhos (1983), o lugar tão isolado e sem outra perspectiva econômica, se esvaziou e hoje se resume a apenas duas fazendas. Tudo o que restou da estação são os vestígios da plataforma de pedra e a caixa d’ água que abastecia as locomotivas. Saturnino seria natural do então distrito de Conceição da Barra onde tinha sua guarda mas mudou-se para Mestre Ventura onde montou esse pequeno Congado. Dizem que era rixento e que mesmo sem convite, querendo participar com seu Congado na Festa do Rosário da vila de São Gonçalo do Amarante numa época em que apenas o Congo local a fazia, para lá marchou com sua turma, mas logo à entrada teve de fazer meia volta pois seu grupo foi banido por um enxame de marimbondos, que ali os aguardava às custas de rezas fortes arranjadas pelo famoso capitão José Fagundes, do Congo da vila. Ao que parece, foi o fim deste Catupé. 

09- Catupé “Nossa Senhora das Mercês” – Bairro Alto das Mercês, Capitão: Wilson Bernardino. Grupo de vida efêmera, esteve ativo entre 2007 e 2008.

10- Congo - Povoado de Januário. Extinto a muitos anos. Capitão: "Zarias". Desenvolvia-se nos moldes do grupo da Canela e Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno.

11 - Moçambique bate-paus - Povoado do Caquende, década de 1970. Organizador por Raimundo Marçal, filhos e crianças da comunidade, segundo referência José Antônio de Ávila Sacramento (*). 

Moçambique bate-paus da Rua do Ouro recolhendo reinado no Bairro Araçá.
Notas e créditos

* In: Caquende, Jornal de Minas, São João del-Rei, 28/05 a 03/06/2010, n.125, ano 10. p.2.
**Texto e fotografia (1997): Ulisses Passarelli.

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