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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Bandeira de Anastácia


Bandeira do Congado "N.S.do Rosário e Escrava Anastácia", da Candonga (Tiradentes / MG). 
Capitães: 1º Luís Pereira dos Santos; 2º "Prego".
Foto: Iago C.S.Passarelli, out.2012. 
A Escrava Anastácia é um ícone do sofrimento escravo e ao mesmo tempo um grande exemplo e símbolo da resistência africana. Santificada nos meios populares, acreditam as pessoas que sua alma faça milagres. Sua imagem representa uma escrava amordaçada com máscara de flandres, que se usava cruelmente para impedir aos cativos de engolir ouro e pedras preciosas nos trabalhos das minas. Para Anastácia o castigo teria vindo trazido pelo ciúme de uma sinhá, já que era dotada de grande beleza e rejeitara sucessivos assédios dos sinhozinhos. O maldoso castigo teria cortado sua pele e infeccionado, gerando tétano ou gangrena que a levou a óbito. Seria de origem congolesa, servindo à casa da famosa latifundiária mineira "Dona Joaquina de Pompéu", no sertão centro-oeste mineiro. A Escrava Anastácia goza de grande prestígio na cidade do Rio do Janeiro e por aqui tem especial (mas não exclusiva) devoção pelos umbandistas, associada à Linha Africana, comandada pelos pretos-velhos.
A questão de sua real existência ou cunho lendário se tornou secundária ante o efeito emblemático que alcançou, tal como Rosa Egpicíaca, heroínas da cultura e religiosidade afro no Brasil.
Ao lado de santas e santos ligados ao ideal de africanismo e toda a luta anti-racismo (São Benedito, Santa Efigênia, Santo Elesbão, Santo Antônio de Noto, Santo Antônio Catigeró, N.S.Aparecida), a Escrava Anastácia figura no campo religioso como bandeira de uma causa, tal como Chico Rei e Zumbi fazem paralelo noutra dimensão de luta.
Sugiro a quem queira aprofundar neste assunto consultar a excelente obra de Maciel de Aguiar (Série HISTÓRIA DOS VENCIDOS) que narra a saga dos heróis afro-brasileiros no estado do Espírito Santo ou ainda o texto de Dirce Guerra Botalho "Anastácia: mito ou santa?" publicação do Boletim de Leitura, nº16, jun./1996, São Paulo, do Museu de Folclore Rossini Tavares de lima / Associação Brasileira de Folclore, p.5-8, principal fonte de apoio para minha consulta sobre a escrava virtuosa, Anastácia. 

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