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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




domingo, 28 de abril de 2013

Saudades ferroviárias

Nasci na "Rua das Fábricas" (Avenida Leite de Castro, São João del-Rei), onde acompanhei em minha infância o ir e vir dos trens do sertão, a famosa maria fumaça, bitolinha, fumegando saudades, apitando notícias alvissareiras de outras terras que chegavam a "São João dos Queijos". Cargueiros, composições mistas e trens de passageiros ainda passam em minha memória, ora com grandes faróis acesos, como a clamar que seu último remanescente neste vale fluvial do Rio das Mortes não seja perdido de vistas no esquecimento. Fechando os olhos ainda vejo o sinaleiro na travessia da Rua Antônio Rocha com uma antiga lanterna na mão, luz verde de um lado, vermelha de outro, demarcando a segurança do tráfego noturno, ou com pequenas bandeiras no diurno. Relembro de muitos vagões pesados atrelados a duas máquinas sincronizadas em tração dupla. A paixão maior de minha infância era ver tal cena. E uma frustração: nunca ter dado um passeio no trolley movido a varas, que se envergavam ante a força braçal dos operários da via. Ia este rude veículo cheio de ferramentas, marmitas, água, apetrechos. O trabalho árduo se impunha. 

Fico pensando: com o desenvolvimento turístico de hoje, o que não seria dessa malha ferroviária que foi destruída pela ingerência? A linha passando no centro da Leite de Castro com uma carreira de ipês arborizando de cada lado... Em época de florada o trem passaria num corredor amarelo de flores, atração que bem divulgada traria gente de toda parte para presenciar este espetáculo. Águas Santas, Pombal, Cachoeira de Padre Brito, Ponte do Inferno... Quantos atrativos específicos trariam milhares de turistas!

Olhemos para estes vestígios. Olhemos para nós mesmos. Preservar é preciso. Que este clamor ecoe, como o apito do trem de ferro soa em nosso coração.


Pontilhão da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), bitola 0,76m sobre o Rio Pirapitinga, afluente da margem direita do Rio das Mortes, em Aureliano Mourão (Bom Sucesso/MG), na saída para Ribeirão Vermelho. A carcaça de ferro abandonada no mato atiça a reflexão. 


Notas e Créditos

* Texto e fotografia (30/03/2003): Ulisses Passarelli
** Para ver mais fotos de trem clique neste link: FERROVIAS
***Para ler mais a respeito de ferrovias veja:

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