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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 30 de julho de 2013

As Festas de 1923

Não faz muito tempo este blog noticiou o nome da Imperatriz do Divino do ano de 1927, a esposa do ilustre Basílio de Magalhães, sra. Flávia Ribeiro de Magalhães. Prosseguindo as pesquisas, agora do ano de 1923, este post traz a lume os nomes do Imperador Antônio Balbino de Souza e da Imperatriz Antônia de Araújo Simões.


Em 1923, às vésperas da proibição ou remodelação imposta pelo processo de romanização da Igreja, os legendários festejos do grande bairro são-joanense eram organizados por uma extensa comissão de festeiros, dividida em três grupos, um para cada dia de festa. O primeiro dia, Domingo de Pentecostes, dedicado ao Espírito Santo, era o com maior número de cargos, incluindo além do casal imperial, três caudatários (pajens da imperatriz), três pagens do estoque (vassalos do imperador), três alferes da bandeira (dentre os quais Samuel Soares de Almeida), vários mordomos e irmãos de mesa. 


Os outros dois dias, segunda e terça-feira, consagrados respectivamente ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos e a Nossa Senhora da Lapa (que o jornal pesquisado cita apenas como N.S.da Conceição), tinham cargos relevantes na figura dos juízes (as):

- Manuel da Cunha Lima (Bom Jesus)
- Carmen Mello (Bom Jesus)
- Amarante Araújo (Nossa Senhora)
- Anna Lopes de Oliveira Alves (Nossa Senhora)

Além do juizado um grande número de irmãos de mesa foi listado para cada dia. A lista de nomes se completa com três cargos importantes, servindo a todos os dias festivos: 

- Tesoureiros: André Bello / Irineu Cantelmo
- Secretários: João Francisco Nogueira / João Evangelista Pequeno
- Procuradores: Teophilo Rodrigues (1º dia) / Joaquim Rodarte (2º dia) / Eduardo Cancio Rodrigues dos Santos (3º dia)

Os procuradores tinham um papel especial na administração dos festejos, semelhante ao do atual presidente da comissão de festa. 

Mais uma vez, a listagem revela ainda nessa época, nomes importantes da sociedade são-joanense envolvidos com o evento, tais como o célebre fotógrafo André Bello, os maestros João Pequeno (que nomina uma rua do centro histórico desde 1949, o antigo Beco da Romeira) e Teophilo Rodrigues (notável regente da Banda Teodoro de Faria, por longos anos), dentre outros. 

Por estas alturas, os planos de mudanças para a festa já andavam à plena, pois uma notícia, da mesma época, revela a intensão de formar em Matosinhos um jubileu da Santa Cruz, pela passagem da data do 03 de maio, que converteria a formatação dos festejos para os moldes da festa de Congonhas, com a presença do próprio arcebispo, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. 


No ano anterior já havia acontecido em setembro um jubileu dedicado ao Sr. Bom  Jesus de Matosinhos, o primeiro até aqui noticiado nesta data, anterior ao que imaginávamos como inicial (nos princípios dos anos 50). Notícia muito interessante, de leitura custosa, revela que, antecedido por uma novena, no dia principal, o Padre A.C.Rodrigues fez enérgico sermão enaltecendo os valores da cruz aos fiéis. Missa, concorrida procissão do Santíssimo Sacramento e sua bênção respectiva, te-deum e um destaque para o grande número de comunhões, mostram a nova diretriz festiva já esboçada e de linha bem evidente e firme. Mais uma vez, há a promessa de fazer para 1923 um jubileu "igual ao de Congonhas do Campo", segundo intensão do festeiro, Coronel J.Severiano da Silva, o que é muito sintomático. 


As diretrizes novas para os festejos de Matosinhos já estavam semeadas e em vias de implantação. A romanização estava a todo vapor. A supressão da festa em 1924 foi uma atitude drástica e marcante para deixar bem claro à comunidade a nova ordem de comemorações. 

Referências Bibliográficas

GAIO SOBRINHO, Antônio. Bandas Musicais em São João del-Rei e a Banda Teodoro de Faria. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, v.10, 2002.
GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. São João del-Rei: FAPEC, 1994. 

Referências Hemerográficas

A Tribuna, n.464, 18/03/1923
A Tribuna, n.468, 15/04/1923
Acção Social, n.858, 21/09/1922

Notas e Créditos

* Texto, pesquisa e foto-montagens: Ulisses Passarelli.
** Jornais antigos do acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida, São João del-Rei, disponíveis em seu site.

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