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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Programação do carnaval 2014 em São João del-Rei

O carnaval já fervilha, ecoa, batuca, requebra, esconjura a melancolia. Dia 8 p.p. foi a escolha da Rainha e Princesas do Carnaval 2014 na Avenida Presidente Tancredo Neves, principal via do centro de São João del-Rei. Evento forte e animado, corrido ordeira e pacificamente, que teve a grata volta de eterno Rei Momo, Roberto.

No sábado seguinte, 15 de fevereiro, foi a vez do primeiro bloco, o temporão Cachaça com Mel, Chora Borel, alegrando o Largo de São Francisco com suas marchinhas. Desceu a Balbino da Cunha como abre-alas do grande momo.

Enquanto isto (e desde vários dias antes...) por todos os cantos desta urbe, ensaios e preparativos aquecem a cada dia, num sem fim de afazeres.

Amanhã o pré-carnaval engrena com três blocos: a tradicional Bandalheira, na Rua Ministro Gabriel Passos e o Pérolas, Matinê de Rua, na praça do Morro da Forca, ambos à tarde, e à noite, o Zero Hora, cujo nome marca o horário de saída, das imediações do coreto.

Domingo, 23 de fevereiro, é a vez do Só Não Vai Quem Não Quer, que vem às 18 horas do Parque Real para a Praça Guilherme Milward. Desfilam também nesse dia o Alambique, partindo 21:15  h da Biquinha e pela primeira vez o Unidos do Aragê, que vem da Rua Ângelo Tirapelli rumo ao Centro às 16 horas, trazendo os foliões dos bairros Araçá e São Geraldo.

Daí a folia não para mais: segunda-feira, 24, desfila o Deixa o Mundo Girar, mais um que vem do Bonfim, 21 h; na terça é o PSF-Saúde, que sai 21 h do Carmo, além do tradicional Se Mamãe Deixar, 22 h, no Rosário, com sua bandinha de sopros e percussão, cheio de marmanjos de fraldões e grandes chupetas, e, é claro, as mamadeiras devidamente abastecidas. Trem Bão parte do Bonfim, local de várias agremiações.

Dia 26 de fevereiro, temos o gigante Lesma Lerda, que da Av. Oito de Dezembro arrasta uma multidão na noite da quarta-feira, com muitos foliões com fantasias criativas e frequentes e bem humoradas críticas. De primeiro Lesma Lerda trazia na frente umas pessoas metidas debaixo de um armação de arcos cobertos de pano estampado, terminando numa cabeça com cara de boazinha, pintada, e antenas de molusco, balançando. A grande lesma alegórica serpenteava rua afora à guisa do boi do bumba-meu-boi.

Casal de mandus, fantasia muito antiga e tradicional, flagrada no Bloco Lesma Lerda.
Foto: autor não identificado, 1996.  

No dia seguinte outro grande bloco toma as ruas, As Domésticas, com uma imensidão de homens travestidos em alegria e irreverência, concluindo com a típica eleição de seu destaque na escadaria do teatro. Mas As Domésticas dividem a noite com outros grandes grupos de foliões... os blocos Pirulito, que vem do Largo Tamandaré 22:30 h, o Gato de Botas, no mesmo horário partindo do Largo de São Francisco, e o Bloco n’Roll, concentrado num palanque na Rua João Salustiano.

O pré-carnaval continua, ou melhor, emenda com o carnaval propriamente dito da noite para a madrugada com blocos que se sucedem: a longa noitada traz um fora do centro, o Bloco dos Mala, em Matosinhos, desde a Rua Santa Madalena até a praça do santuário e depois em retorno; Arrasta o Resto traz foliões do Largo do Tamandaré; o Largo do Carmo agita a “Lapa” são-joanense, foco do samba; a Mocidade Independente de Santo Antônio, com animada rapaziada alegra a antiguíssima Rua Santo Antônio, trecho do Caminho Geral do Sertão que virou rua com nome de milagreiro; Arroz com Vinagreti sai das Águas Férreas, pras bandas do tradicional Tijuco; Copo Sujo, outro bloco de grande porte, inunda de foliões o Bonfim, despejando animação rua abaixo até a Praça Frei Orlando.
            
A noite vira... revira... madruga... alvorece no Alvorada, a matina de mais um carnaval. O querido bloco do amanhecer carnavalesco traz no radiante nome a força da tradição das bandinhas. Com pijamas e camisolas foliões de todos os recantos vem para a velha Rua Direita _ quem dera ainda chamasse assim! _ atual Getúlio Vargas. Na tradicional esquina com a Arthur Bernardes, onde outrora a municipalidade erguia ornado coreto para as bandas do carnaval, sai mais esse gigante, Bloco da Alvorada, 5 horas, no cantar do galo.
           
Depois de um pré-carnaval assim... colossal, os dias do momo ainda não trazem canseira à multidão de conterrâneos e turistas que invadem as ruas. Atrás dos carros e caminhões de som, das bandinhas, daqui e dali, nas esquinas, junto aos bares, gente de avoluma em torno de um grupinho com charanga, ou d’uma bateria de improviso. Bate-papo, toma cerveja, ri, namora, relembra. Gerações se intercalam em diferentes formas de foliar o momo.
            
Mas os blocos tem de continuar: Cambalhotas estende colchonetes pro caminho afora e lá vem o povo revirando cambota! Isto lá vai a tarde de sábado, até a noite, a partir do Largo de São Francisco; o Raposão junta sob o manto celeste, azul e branco cruzeirense a moçada do Largo do Carmo na mesma tarde; Mascarétis em mascarada e colorida folia, acolhedora e airosa, toma conta do calor da tardinha na Praça Dr. Salathiel; Trincação vem 17 horas descendo do Senhor dos Montes, desde a praça da igrejinha até a Avenida Presidente Tancredo Neves.
            
Os blocos de domingo são: Banda Mole, na Paulo Freitas e João Alvarenga (Alvarenga é a mãe!!!), do Matola, ambos vindo nessa tarde rumo ao centro; no Largo do Rosário a cultural atitude da Atitude Cultural põe na rua o querido Carnaval de Antigamente, reunindo a tradição do carnaval familiar e se concluindo com um desfile de velha jardineira e outros veículos antigos, nostalgicamente evocando os corsos que marcaram época. Alegre tarde. Acabou não! Tem ainda: Coração Rubro Negro que junta sob a fama flamenguista um monte de foliões no Largo do Carmo, Piranhas, bloco grandão trazendo rapaziada travestida desde o Alto das Águas Férreas na quente tarde domingueira; Santa Casa, vem das beiradas do Rio Acima, passa pela Frei Estêvão e chega ao São Francisco, isto pelas 17 horas; Chácara é bloco de mais tarde, mais uma agitação das noites do Bonfim e invade a madrugada.
            
Banda de Marchinhas no Carnaval de Antigamente. São João del-Rei/MG, 2013. 

Segunda-feira que seria normalmente de desânimo se revela extraordinária com o gigante do nosso carnaval, o maior de todos os blocos daqui, o Vamos a La Playa. Atrai milhares na rua em polvorosa alegria, molhados em duchas esguinchadas de mangueirões. Povo de biquíni, sunga, prancha de surfe, roupa de mergulhador. Demandava este bloco para a nossa “praia”, o cais do Lenheiro, pequeno córrego de nascente serrana. Vem hoje para a Av. Tiradentes.
            
O último dia do carnaval trás o Bloco Pantanal, da Rua Getúlio Vargas, e o Caixinha, da ladeira do Sr. dos Montes, ambos no cair da tarde, boca da noite. Cura Ressaca (será que cura?!) acontece na tarde da Terça-feira Gorda, completamente fora do eixo geográfico do carnaval, na Colônia do Marçal, não muito longe das Mangueiras.
            
Pensa que terminou? Deixei para o fim propositalmente outras atrações. No distrito do Caquende, beira de represa, tem o Bloco do Bambu, domingo; noutros distritos tem movimento também pelos largos, mas é na Terra de Nhá Chica, Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno que o trem pega fogo. Um carnaval animado, que surpreende.  Com boa estrutura, se desdobra em três blocos que animam os dias principais: Unidos da Ponte, Bire Saturday e Birinight.
            
Quer mais? Escolas de Samba! Trazem este ano para nós uma grande expectativa com o investimento maior, carregando uma tradicionalidade que já fez São João del-Rei ser considerado o melhor carnaval mineiro e um dos mais proeminentes do país.

Manchete jornalística dos anos 30, enaltecendo o carnaval da cidade.
         
Primeiro de março, a partir das 20 horas, a passarela do samba tem abertura com a corte momesca e desfilam sequencialmente as escolas de samba: Unidos da Lata (mirim), Girassol, Bonfim e São Geraldo.
            
Domingo, 02 de março, 20:30 h: Mocidade Independente de Santo Antônio (mirim, segundo desfile), Bate-paus (com mais de 80 anos de vida!), Metralhas e Vem me Ver.
            
Segunda, 03 de março, ainda diante das arquibancadas da Avenida Tancredo Neves é a vez dos blocos típicos, em sequência, das 20 h em diante: Sem Compromisso, depois é a vez do Mestre Quati com seus pitorescos bonecões no Recordar é Viver; o tradicionalíssimo e inusitado Os Caveiras, um bloco de que ainda nos ocuparemos mais numa postagem específica neste blog, e por fim Ferverão, trazendo muita criança.

Nêga Maluca, no carnaval são-joanense.
Foto: autor não identificado, 1998.
Terça desfilam as escolas campeãs do carnaval 2014.
            
Para não dizer que acabou tem uma novidade: concurso de marchinhas carnavalescas, com premiação batizada com um nome de peso, “Agostinho França”. Apresentação pública das finalistas será dia 04 de março, entre 17 e 20 h, no palco da Esquina do Kibom (Av. Tiradentes com R. Ministro Gabriel Passos).

Todos estes grupos se filiam a duas associações, AESBRA e ABBC del-Rei.
            
Duvida que tem isto tudo, mais de cinquenta agremiações em desfile? Então vem ver...
           

* Texto e fotos (exceto indicação em contrário): Ulisses Passarelli            

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