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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 3 de junho de 2014

Camisa da Felicidade

Conta-se que um rico homem sentia-se infeliz. Buscava conselheiros que lhe informassem como ser feliz, já que tinha tudo para ter uma boa vida mas vivia deprimido. 

Certo dia foi ter com um sábio curandeiro, que lhe assegurou que bastava sair pelo mundo e quando achasse alguém feliz, trocasse de camisa com esta pessoa, o que decerto seria  fácil, pois sempre vestia belas roupas. 

E saiu pelos caminhos afora. Encontrou um homem e indagou-lhe: "_ és feliz? " a que ele respondeu: "_ sou não senhor, trabalho muito, tenho quase nada..."

Prosseguiu. Viu então uma cabana e ouviu entre batidas de machado, um homem cantarolando enquanto rachava lenha. Imaginou: "esse homem deve ser feliz. Morando nesta choupana, pobre, debaixo desse sol, fazendo serviço bruto e ainda cantando!" 

Então começaram a conversar. Conversa vai, conversa vem (*), o nobre soltou a pergunta: 

_ O senhor é feliz?
_ Sou muito, graças a Deus. 
_ Então me faz um favor?
_ O que estiver ao meu alcance...
_ Troca de camisa comigo?
_ Ah... ôh, senhor, peça outra coisa que isto eu não posso!

E desabotoou o paletó mostrando o peito nu. Nunca tivera uma camisa em sua vida miserável mas virtuosa. O homem rico, cabisbaixo, entendendo a lição da vida, compadeceu-se e tirando sua própria camisa deu-a ao humilde trabalhador rural e assim descobriu que, o que de fato lhe faltava na vida, era a caridade e o temor a Deus. 


Notas e Créditos

* Conversa vai, conversa vem: expressão popular para indicar diálogo prolongado sem chegar ao âmago da questão.
** Texto: Ulisses Passarelli
***Informante: Aluísio dos Santos, São João del-Rei, Centro, julho/1994. 

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