Morcego – embrulhão, ruim de serviço, sem expediente, aquele que
não é pró-ativo. Quem faz corpo mole no serviço deliberadamente. Quem propositalmente não
trabalha com afinco, dedicação, para passar logo o horário de
trabalho sem rendimento. Fazer morcegagem: enrolar serviço; fingir que está
trabalhando.
Morgado – encurvado, envergado. Torto.
Mucureba – o mesmo que “mocorongo”. Deselegante, simplório, fora da moda.
Muito fogo para pouca lenha – expressão que indica muito entusiasmo
para algo que efetivamente dará um pequeno resultado. Diz-se de quando se
investe com energia em alguma coisa pouco durável ou rentável.
Molambo – africanismo. Farrapo, andrajo. Molambento: em estado de
mendicância. O povo pronuncia sempre com “u”: mulambo, mulambento. É o nome de
uma casal de entidades espirituais da linha esquerda: Exu-mulambo e Pomba Gira
Maria Mulambo. O ponto cantado diz expressamente: “Tem dó! Tem dó! / Minha roupa é mulambo só...”
Munheca – 1- pulso; 2-
sovina, "garrafinha", "munheca de samambaia", "seguro". Usurário.
Muque – 1- força física. Pegar no muque: fazer força para
carregar ou segurar. 2- O músculo
bíceps.
Murrinha –1- mau cheiro referente aos maus hábitos de higiene.
“Fulano é murrinhento” (mau cheiroso); 2-
chatice, enjoamento, antipatia. “Fulano é uma murrinha!” (chato, indesejável).
Murundu – monte de terra ou entulho; elevação, monturo. Um dos mais
conhecidos mitos do ciclo da angústia infantil, o tutu, tem num acalanto a
referência expressa: “Dorme, neném! /
Tutu vai te pegar... / detrás do murundu / com um pedaço de angu!”. Também
se pronuncia “murundum”.
Museu – em sentido pejorativo, coisa velha, traste; pessoa idosa.
Neca de catibiriba – expressão negativa extremada: de jeito algum,
jamais, absolutamente nada.
Nem tchum! – expressão que equivale a "nem ligou", "não deu a menor
importância", "fez pouco caso de", desdenhou.
Ôh, bala! – interjeição de catarse e admiração: "credo!", "Sai de mim!"
Pegar o bonde andando – entrar num assunto já iniciado, tirando
dele conclusões precipitadas sem saber todas as suas implicações.
Pegar o bonde errado – entrar numa situação pensando equivocadamente
que era outra.
Pinta brava – mau elemento, má companhia, sujeito à beira da marginalidade.
Indivíduo com tendência a ser um fora da lei. Brigão, ofensivo.
Piriri – disenteria, diarreia, “caganeira”, "intestino mole".
Quebra-galho – 1- gambiarra, provisório, paliativo; 2- o que não satisfaz plenamente mas
vale para atenuar um momento: alimento, dinheiro, roupa...; 3- amante, concubina.
Rasgar o cu com a unha – expressão indicativa de extremo desespero
diante de uma situação muito difícil. Ataque de nervos, descontrole emocional, histeria.
Tantã – de ideias desconexas, de pensamentos desorientados. Doido.
Tempo da(o) zagaia – antigamente, outrora, antanho, pretérito. Referência
a um objeto ou situação de muito tempo atrás. “Essa estória é tempo da
zagaia...”,“Esta ferramenta é do tempo da zagaia...”
Tempo do onça – idem. Sempre no masculino: do onça (e não da onça.)
Tetéia - gíria em ocaso: linda, graciosa, bonitinha, atraente. Em
geral era usada por rapazes para se referir a moças.
Til-til – gíria em ocaso: lindo, gracioso, bonitinho, atraente. Em
geral era usada por moças para se referir a rapazes. "Pão", "bicho bom".
Tio Véio – pessoa relativamente jovem que se comporta com hábitos
de pessoa bem mais velha. Bebedor inveterado de café.
Tirar da reta – colocar-se em posição que o isente de culpa;
arranjar desculpas e explicações para se livrar de riscos e punições numa dada
complicação. "Tirar o cu da reta."
Tirar o pé do atoleiro – se dar bem; melhorar de vida
(financeiramente); prosperar nos negócios.
Toco de açougue – depreciativo: pessoa gorda e baixa. "Tarugo".
Toró – temporal, chuva muito forte. “Tribusana”.
Traçar – 1- comer,
devorar. “Traçou o bolo”; 2-
em sentido chulo, ato sexual: “traçou a
filha do vizinho”.
Traficança – bagunça, excesso de objetos inúteis, obsoletos,
imprestáveis. Tranqueira. Tralha.
Tragada – dose considerável de uma bebida. “Tomar uma tragada no balcão.” Talvez
corruptela de talagada, que tem o mesmo sentido, já que habitualmente tragada
se refere ao hábito de fumar. Tragar o cigarro.
Trambolho – 1- mecanismo grosseiro de trancar portas e janelas, espécie
de tramela grande; 2- qualquer
engenho ou solução rudimentar para uma estrutura física; 3- pessoa obesa e desajeitada. Feio.
Tremilique – tremura, chilique, faniquito.
Tribufu – mulher desfeita de corpo, feia, desagradável. “Tribofe”.
Tungar – comer e beber em abundância ou com ímpeto. "Chanfrar".
Um brinco! – expressão indicativa de grande beleza, limpeza,
brilho. “Faxinou a casa. Ficou um brinco!”
Uma pinóia! – expressão de veemente negação. De jeito nenhum. O
mesmo que “uma ova!”
Vaca que esconde leite – pessoa que não revela o que tem, que
esconde capacidade e potencial, ou as posses.
Vai com as batatinhas! – expressão de esconjuro, indicativo do
desejo de afastamento. “Vai com Deus e as
pulgas!”
Vareta – magricela, magérrimo. "Pau de virar tripa". "Mané magro". " Esqueleto".
Ver passarinho do rabo verde – estar extremamente alegre, agitado,
prolixo.
Vetético – termo depreciativo. Idoso de comportamento desagradável, cheio de
manias; velho implicante.
Vivaldino – esperto, sagaz, que tem muita vivacidade. Espertalhão.
Vivinho da silva – idem.
Xepeiro – que tira proveito do alheio, usurpador.
Xereta – intrometido, enxerido.
XPTO – abreviatura da palavra "Cristo" em grego. Indicativo de boa qualidade: muito bom, bonito, saboroso. Usa-se com o sentido
de especial, diferenciado, chique. Almoço XPTO; terno XPTO.
Zebedeu – besta, idiota, imbecil, abestalhado.
Zona – 1- prostíbulo, cabaré; 2-
bagunça, desordem, esculhambação.
* Texto: Ulisses Passarelli
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