Bem vindo!

Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 31 de maio de 2016

Retalhos para a colcha da história - parte 3

Coletânea de notas hemerográficas de São João del-Rei e cercanias (1900-1938)



A história se constrói de pouco em pouco, pedacinho por pedacinho. O pesquisador busca nos documentos as informações desejadas como um garimpeiro remexe as areias e cascalhos. Depois de revirar um grande monte de material aparece algo...

No mesmo sentido é o título desta série de postagens, alusão ao tradicional artesanato de costura de quadrados de retalho de pano para compor uma colcha colorida.

É bem assim esta história que está se esboçando nestas postagens: por alusão é garimpada e costurada a partir de retalhos hemerográficos.

A ideia surgiu a partir de uma pesquisa de uma tema único, ligado ao Bairro de Matosinhos, que rendeu matéria para uma monografia, hoje também convertida em postagens de blog. Mas enquanto anotava a parcimoniosa informação, outras surgiam que se mostravam de interesse e às vezes se revestiam de verve, ou traziam em si mesmas o pitoresco da linguagem de época. Assim, para não perdê-las, aproveitava-se o ensejo para anotá-las. E assim foram rendendo motivos para novas postagens meramente provocativas de pesquisas mais aprofundadas nos temas que afloravam.

Dando, pois, prosseguimento às pesquisas da história regional em velhos jornais publicados nesta cidade, este blog apresenta mais uma remessa selecionada a partir da coleta de assuntos variados. A ideia é tal como o título sugere, compor uma malha de informações.

As notícias se revestem de especial interesse por revelar aspectos simples e cotidianos da vida urbana e em parte rural, que por serem muito próxima ao viver do povo, muitas vezes não vem sob o formato nu e cru, engessado e frio, de um documento formal, fonte indubitável e fundamental da história.

Assim seguem dados da cidade de São João del-Rei (que perfazem a maioria), alguns do seu distrito São Gonçalo do Amarante (ex Caburu e primitivo São Gonçalo do Brumado), além de uma notícia de Tiradentes e outra da Estação de Nazareno (à época abordada, Nazareth, então distrito de São João del-Rei).

Nos trechos em itálico transcrevemos o original com respeito à grafia de época.

As transcrições estão expostas em ordem crescente de data e diante de cada uma consta o jornal de origem, número e data da edição.

"Caixinha" - estação elevatória inaugurada em 1930 para abastecimento de água 
do Bairro Senhor dos Montes, São João del-Rei. A sigla C.M. na fachada indica
a "Câmara Municipal", responsável pela obra à época. Fotografia: 12/08/2013. 

1900:
- “S. Gonçalo Garcia. Não há sanjoannense que desconheça a precariedade dos cofres da Confraria de S. Gonçalo, desta cidade, não há quem ignore as dificuldades com que lucta a administração do templo, e não há quem não deseje a conclusão das obras da Igreja; pois bem, tem todos esses a que nos referimos ensejo de darem um obulo para as obras de S. Gonçalo. O espectaculo de Quinta Feira, amanhã, da Companhia Chilena, com um programma variado cheio de attraentes novidades _ é em beneficio da Igreja de S. Gonçalo. Em beneficio, mesmo, não teem os pessimistas de dizer que o beneficio é dividido com a Igreja e com a Companhia, não; a empreza vendeu o espectaculo por preço razoavel e tudo quanto exceder, é em favor dos cofres da Igreja, tão pobre. Invocamos os sentimentos religiosos e patrioticos do povo e pedimos uma esmola indirecta, dando em troca a diversão de amanhã, Quinta-feira _ ao CIRCO.” (O Combate, n.11, 12/09/1900)

- “Edital. De Ordem do exm. Sr. Dr. Secretario do Interior, faço publico que se acham em concurso, com o prazo de 60 dias, a contar da presente data, as cadeiras de instrucção primaria em seguida declaradas: cadeira mixta do districto de Conceição do Formoso, município de Palmyra, e a do sexo feminino do districto de S. Gonçalo do Brumado, de S.João d’El-Rey. Os exames deverão ser processados de accordo com as instrucções que baixaram com o decreto n.1400 de 6 do corrente mez, perante a directoria da Escola Normal, desta cidade, e os requerimentos de inscripções instruídas com os documentos de que trata o art.  6º, n. I, II, III e IV das mesmas instrucções deverão ser dirigidas ao diretor da mesma escola. Quaesquer esclarecimentos de que necessitarem os candidatos, poderão obtel-os nesta Secretaria, em todos os dias uteis, das 10 horas da manhã á 3 da tarde. Secretaria da Escola Normal de S.João d’El-Rey, em 21 de Agosto de 1900.” (O Combate, n.16, 14/10/1900)

-“S.Gonçalo. Por acto de 7 do corrente, foram nomeados os cidadãos Antonio Francisco de Paula, Luiz Cardoso Rabello e Tobias Raphael dos Santos para subdelegado, 1º e 2º suplentes do districto de S. Gonçalo do Brumado d’este município. Entre as autoridades dimitidas figura o celebre João Barulho, que, pela segunda vez, foi despedido do cargo policial _ por causa de seus máos precedentes de desordeiro conhecido. Foi a este que o Major Pimenta confiou força para ir a S. Gonçalo. Felizmente ele confiou a força ao Barulho, em um dia e no dia seguinte _ rodou Barulho, rodou Pimenta, rodou o resto.” (O Combate, n.25, 15/11/1900).

1906:
- Resolução n.343, de 26 de abril de 1906, da Câmara Municipal, autoriza concessão de pena d’água na região da Bica da Prata: “Fica o Agente Executivo auctorisado a permittir que o cidadão Bernardo Antonio da Paixão derive para sua chácara uma penna d’agua colhida nas sobras das aguas do Padre Faustino” (art.1º), através do seguinte artifício: “o concessionário fará uma pequena caixa, convenientemente cimentada, saindo a penna de um orificio aberto nesta, colocado em plano superior ao da servidão publica.” (art 2º). A Câmara porém se reservava ao direito de... “rehaver essa agua, sem indemnização, caso a julgue necessária para lavagem da futura rede de esgotos” (artigo 3º). (O Repórter, n.14, 13/05/1906)

- "O ilustrado sr. padre Nicoláo Badarioti, muito competente e muito dado ao estudo dos phenomenos scismicos, observou na noite de 10 para 11 do corrente, das 10 para 11 horas, dois tremores de terra, bastante violentos, isto no local onde está situado o colegio, sob a sua competente direcção (*). O mesmo phenomeno foi observado no arraial da Conceição, o que nos foi communicado pelo proprio observador que é homem de inteiro credito." (O Repórter, n.14, 13/05/1906)

- “Interessante e attrahente festa foi, no mesmo genero, no domingo, improvisada pelo revdo. Frei Candido, com os seus meninos, que constituem a associação por ele criada _ Associação da Juventude _ e constou de representação de diversos monólogos, num ligeiro theatrinho, levantado em um dos espaçosos salões da magnifica vivenda dos revdos. Franciscanos. Exhibiram-se os inteligentes meninos: João Adalberto de A. Viegas, João Braga, Marcial Maciel, Paulo Campos, Oscar Pereira, José e Luizinho Rodarte e Henrique de Souza.” (O Repórter, n.26, 05/08/1906)

1907:
- Lei municipal nº152, de 19/12/1906, autoriza várias desapropriações na Biquinha, “desde a casa de José Martins Penna até São Caetano, as quaes se achão fóra do alinhamento, approvado pela Câmara”. A mesma lei prevê para a antiga Rua da Prata (rua Padre José Maria Xavier), desapropriação por utilidade pública do imóvel nº6, de propriedade de Martiniano Ribeiro Bastos e outros, além do nivelamento daquela via. (O Repórter, n.50, 13/01/1907).

- “Theatro. Hoje haverá espectaculo com inauguração do panno de bocca. O trabalho de pintura foi feito pelo hábil e conhecido scenographo Alexandre Poggio, e segundo nos affirmaram, está um trabalho primoroso.” (O Repórter, n.23, 27/06/1907).

1917:
- A Câmara Municipal projetava abrir uma nova via pública interligando a avenida principal à Rua da Misericórdia, sobre o Córrego do Segredo, que seria canalizado. Tal obra despertou questionamento pelo elevado custo aos cofres públicos, julgada desnecessária. Corresponde à atual Avenida Andrade Reis. (A Nota, n.16, 21/05/1917).

- “24 de maio. Passa amanhã o 51 anniversario da batalha de Tuyuty. Em comemoração desta grandiosa data os alumnos do gymnasio S.Antonio formarão com um effectivo de cem alumnos, fazendo uma passeata pela cidade, ás 16 horas.” (A Nota, n.18, 23/05/1917)

- “Gravissimo. Até que afinal o celebre pontilhão da E.F. Oeste na zona das Fabricas vai ser dotado de uma parte de taboas, elegante e solidamente construída, para a passagem exclusiva de pedestres. Esta providencia que vai prestar grandes serviços áquella parte da cidade e que evitará d’ora avante acidentes graves como o sucedido com duas senhoritas que ainda não se restabeleceram, já foi ordenada pelo sr. Dr. Agostinho Porto, sympathico diretor da Oeste, a quem esta cidade deve innumeros favores. Revogamos, pois, o pedido que fizemos a nossa zelosa Câmara: não é mais necessario alli mandar os seus engenheiros, fiscais e trabalhadores acompanhados de maquinas e materiaes. A Oeste vai construir e o povo ficar sossegado, pois o melhoramento virá mesmo para breve, muito breve. E é ao Director da Oeste que enviamos os nossos agradecimentos por mais este serviço prestado á Municipalidade.” (A Nota, n.22, 28/05/1917)

- “S. Gonçalo Garcia. Nesta egreja, celebrar-se-ão, no dia 20 do corrente, os seguintes actos religiosos: ás 9 horas missa com musica; á noite profissão de irmãos, posse da nova mesa, rasoura e Te-Deum.” (A Nota, n.70, 21/07/1917)

1923:
-“Caburú. Realiza se, solemnemente, com a presença dos (... ilegível) da P.M.M. e grande numero de correligionários, a instalação do districto de Caburú, antigo S.Gonçalo do Brumado, a 1º de janeiro de 1924.” (A Tribuna, n.505, 30/12/1923)

1926:
- “Caburú. Por ocasião de uma festa em Caburú, o sr. Affonso Ribeiro Guimarães, enérgica autoridade policial daquele districto, prendeu e fez recolher á cadeia desta cidade a Américo de Oliveira, que estava promovendo desordens e procurando desrespeitar os representantes da lei. Americo de Oliveira esteve detido durante algumas horas, sendo, depois, posto em liberdade por ordem do sr. dr. Archimedes Camisão, integro e activo delegado de policia de S.João del Rey.” (A Tribuna, n.744, 29/04/1926)

- “Escrivão de Caburu. Há já um mez que é serventuário vitalício do officio de escrivão de paz do districto de Caburu o nosso amigo sr. Antonio Jose Alves de Oliveira. O sr. Presidente do Estado, provendo-o naquele posto, investiu um acto plenamente acertado. O sr. Antonio José Alves de Oliveira, além de competente para o cargo, é um dedicado soldado do P.M.M. local.” (A Tribuna, n.780, 02/09/1926)

1930:
- “Agua em Senhor dos Montes. Estão de parabéns os habitantes daquelle subúrbio, com a resolução da sua mais justa aspiração. Já chegou lá a água, questão difícil por que vem se batendo de ha muito aquella laboriosa população. É um serviço, que muito recomenda a administração municipal e sabemos que por elle muito se interessava o vereador, sr. João de Almeida Magalhães e o sr. Alfredo Candido, sendo como é, uma das partes mais bellas e altas da cidade, justo é, que para alli a edilidade volte suas vistas, tornando-a habitável, com os contornos necessários para seu desenvolvimento. Aproveitamos o ensejo, para lembrar, respeitosamente, ao sr. agente executivo da Camara Municipal, a conveniência de acentar os canos conductores de agua para aquelle suburbio, na passagem pela ponte do Theatro Municipal em vez de passar de lado da ponte e seguir a parede interna do caes até o logar onde ganha a direcção da rua do Café Republica, passar por baixo da ponte, sair logo na avenida Ruy Barbosa e descer por ella margeando passeio ate o ponto onde saia do caes. Livra assim da má impressão, que causa aos que chegam, e até mesmo a nós, vendo-os amarrados arame e enfeiando o caes. Fazemos esta observação na intenção única de contribuir para o beneficio da cidade, pois sabemos, que para beneficial-a também se acha da melhor boa vontade o sr. agente executivo.”  (A Tribuna, n.1.043. 05/10/1930)

1932:
- “Na Fabrica de Louças (**) - “Fabrica de louças” é a pitoresca denominação que recebeu a praça fronteira a Avenida Cristovão Colombo, banda de Chagas Doria. Pois ali vão ser construidos vários e elegantes prédios que conhecido construtor vendera a prestações. Como o sistema em apreço, já adotado em todos os grandes centros tem dados os melhores resultados, principalmente como elemento, propulsos de dilatação urbana, faremos votos para que aqui tal se dê dentro em breve.” (Folha Nova, n.8, 24/04/1932)

1936:
- Sob a responsabilidade de Hugo Bassi, a Ponte do Porto passa por uma completa obra de reforma, com troca do assoalho e feitura de corrimão. (O Correio, n.502, 23/05/1936).

- A imprensa são-joanense divulga os clamores populares sobre o péssimo estado de conservação da Ponte das Águas Férreas, no Bairro Tijuco, “que dá passagem há todos que chegam ou sahem, via Rio das Mortes”. Esta ponte se situa na principal via do Tijuco, sobre o Córrego das Águas Férreas, tributário da margem esquerda do Lenheiro, pouco acima de sua foz. (A Tribuna, n.1.333, 12/07/1936).

- A imprensa são-joanense divulga o início das obras de construção das duas torres da Igreja de Nossa Senhora do Rosário no centro histórico de São João del-Rei (A Tribuna, n.1.333, 12/07/1936).

1938:
- “Vacinação contra a febre amarela – Segue hoje para o Rio das Mortes a Caravana da “Fundação Rockfeller”. Conforme noticiamos ontem encontra-se na cidade uma caravana da “Fundação Rockfeller”, para o fim de vacinar a população do município, principalmente a população rural, contra a febre amarela silvestre. A população da cidade não está ameaçada pela febre amarela, conforme nos declararam os médicos da Fundação Rockfeller e o dr. Olavo Caldas, chefe do Centro de Saúde de S. João del-Rei. O seu estado sanitário é ótimo e o seu índice de (... ilegível) é zero. As populações dos distritos devem, porem, se precaver contra a febre amarela silvestre, em vista de residirem próximos ás grandes matas, que facilitam a existencia do mosquito transmissor da doença. É bom esclarecer que a vacina é absolutamente indolor e não provoca reação de espécie algumas. Para os demais distritos de S. João vai ser observada a seguinte ordem: Onça, dia 10, de 10 às 16 horas; Cajuru, dia 11, de 10 às 16 horas; Caburú, dia 12, de 10 às 16 horas; Ibitutinga, dia 13, de 10 às 16 horas; Conceição da Barra, dia 14, de 10 às 16 horas.” (Diário do Comércio, n.53, 07/05/1938)

- Foi aberto ao tráfego o ramal do Penedo, da Estrada de Ferro Oeste de Minas, partindo do km110, na parada do Pombal. Antes mero desvio destinado ao embarque de minério vindo daquela localidade, a abertura como ramal foi assaz elogiada e relembrou o velho plano de interligação por via férrea a Resende Costa, lamentavelmente, nunca concretizada. Este ramal teve curta duração, de cerca de uma década. Transpunha o Rio das Mortes por um pontilhão e no lado oposto margeava o seu afluente, o Rio Santo Antônio (Diário do Comércio, n.124, 06/08/1938)

- Um caminhão carregado de lenha caiu na Ponte do Patronato, que afundou com seu peso. (Diário do Comércio, n.124, 06/08/1938). No ano seguinte ela voltou a ser alvejada por certa polêmica em virtude de atrasos nas reformas: a Prefeitura de São João del-Rei executou obras de reparos na ponte sobre o Ribeirão São Francisco Xavier, na Colônia do Bengo, “nas proximidades do Patronato Agricola, na estrada que nos liga a Santa Rita.” (O Correio, edição extra, 07/01/1939)

- “Festa do Rosário – Especial para Tiradentes – Para as festas de N.S. do Rosario, a realizar-se hoje em Tiradentes, correrá um trem especial para aquela cidade, partindo daqui ás 16.40 minutos, regressando ás 21 horas, ao preço de 1$200 rs, ida e volta.” (Diário do Comércio, n.194, 01/11/1938)

- “Capela São Geraldo. Realizou-se com as cerimonias de praxe, o lançamento da pedra fundamental da capela dedicada a S.Geraldo, na estação de Nazaré, em terreno generosamente oferecido pelo sr. Francisco Ernesto de Carvalho. O digno e virtuoso vigário da freguezia revmo. conego Heitor da Trindade organizou a comissão encarregada de levar a bom termo empreendimento merecedor dos mais calorosos louvores, a qual ficou constituída de cidadãos prestigiosos e de elaventado espirito religioso e que saberão, certo, se desobrigar, com firmeza, tenacidade, confiança e fé, da missão que lhes foi confiada. Fazemos os melhores votos para que o povo daquela zona corra pressuroso ao encontro de tão louvável iniciativa.” (O Correio, n.627, 05/11/1938)

Igreja de São Gonçalo Garcia. 17/11/2013.
São João del-Rei/MG.  

Referências Hemerográficas

Jornais editados em São João del-Rei; acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida, desta cidade

Notas e Créditos

* Colégio: Liceu São Luis, situado no km 139 da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas), extinta e erradicada Linha do Sertão, do qual só restam ruínas. O citado padre aparece em várias notícias estudando tais fenômenos naturais. Os tremores eram recorrentes na região, até Bom Sucesso. O arraial da Conceição citado na nota jornalística é a atual cidade de Conceição da Barra de Minas. 
** Fábrica de Louças era o cognome da área urbana oficialmente denominada Praça Pedro Paulo, desde 1901. A este respeito ver: PRAÇA PEDRO PAULO ANTIGAMENTE  
*** Texto e fotografias: Ulisses Passarelli
****Leia também as postagens anteriores, sob o mesmo título: 



segunda-feira, 30 de maio de 2016

Piedade do Rio Grande: tradição e fé nos festejos do rosário

Desde o dia de Corpus Christi até este domingo, dia 29 de maio, aconteceu na cidade de Piedade do Rio Grande a tradicional festividade que envolve fortemente a participação da comunidade congadeira local, em honra a São Benedito, Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora do Rosário, festejados em dias subsequentes com extensa programação.

Cada dia conta com sua própria solenidade, com missa e procissão, participação da guarda local que completa seus noventa anos de existência e ainda algo bastante arraigado, a grande fogueira que se arma no largo, em torno da qual dançam. Nos dois últimos dias a banda de música cuida da alvorada festiva.

A guarda de Piedade como acontece em cidades vizinhas, apresenta-se ou desdobra-se na congada e no moçambique. Então dançam como congada, no sábado, à moda de um congo; no domingo, como moçambique de varas (bate-paus).

No dia maior notamos a missa na Matriz de Nossa Senhora da Piedade, extremamente concorrida, mantida a celebração Inculturada, valorizando o elemento afro, oferta de produtos alimentares da terra, cantorias alusivas, participação dos moçambiqueiros. Ao fim da missa os alimentos são distribuídos como de praxe e na porta da igreja cumpre-se uma tradição: a guarda entra em forma e o sacerdote asperge água benta nos dançantes. Foi fácil perceber porque inconteste, que não ser trata de um gesto mecânico ou de um item obrigatório numa programação, mas algo feito com entusiasmo de parte a parte, com toda a massa de fieis aglomerada assistindo, muito embora não lhes represente como novidade, mas ainda assim prestigia carinhosamente.

Este ano excepcionalmente houve a participação em espírito fraternal do Moçambique Santa Efigênia, vindo de São João del-Rei, Bairro São Geraldo, que não interferiu na ritualística da guarda local, mas acompanhou seu andamento e apresentou-se ao povo no largo, por sinal, lotado e movimentado por barracas de comes e bebes e venda de utensílios.

O almoço como sói acontecer nos festejos do rosário foi farto e saboroso, ocasião cordial de congraçamento e união.

Pela tarde o moçambique da Piedade saiu ao recolhimento do reinado, originalmente trazido à Igreja do Rosário sob um pálio azul e a escolta dos guarda-coroa armados de espada. Sua chegada ao destino reveste-se de sua pompa própria e reis e rainhas respondem à chamada. Neste ínterim vai a novo recolhimento, desta feita de príncipes e princesas.

Nota-se com bastante evidência que em tudo e por tudo há um sentimento de apego à festividade, de amor à congada e moçambique, bens preservados de seu patrimônio imaterial, com participação espontânea da comunidade e forte presença de jovens, crianças e adolescentes, a par da experiência dos mais maduros, e, sobretudo, o que parece pujante são o respeito e dedicação do sacerdote à participação da cultura popular, algo digno de louvores.

A todos as pessoas envolvidas direta e indiretamente no sucesso desta festa este blog manifesta seu parabéns e deseja que se mantenha preservada ao longo das gerações.

Cartaz da festa.

Oferendas alimentares prestes a adentrar na matriz para o ofertório.

Devotos demonstram seu carinho com a imagem da Senhora do Rosário.

Moçambique de Piedade deixam a igreja matriz. 

Moçambiqueiros perfilados. 

Detalhe da percussão das manguaras. 

Moçambique de Piedade do Rio Grande em coreografia. 

Lenha cuidadosamente empilhada e protegida para a fogueira noturna.
Ao fundo a Igreja do Rosário. 

Alimentação farta e saborosa. 

Crianças moçambiqueiras de Piedade: esperança de futuro.
Detalhe das cores consagradas ao rosário - azul, branco e rosa -
e detalhe do tradicional  lenço atado sobre a cabeça por pequenos nós. 

Reinado - coroas feitas com sementes de contas de lágrima - originalidade.

Moçambique em marcha. 

O reinado escoltado sob o pálio. 

Bandeireiros dos dois moçambiques respeitosamente saúdam a bandeira da outra guarda.

Saudação tradicional entre moçambiqueiros das duas guardas:
respeito, irmandade, igualdade. 

O padre asperge água benta. 

Moçambique de São João del-Rei, Bairro São Geraldo: bastões se elevam buscando bênçãos celestes.

Moçambique de São João del-Rei, Bairro São Geraldo: Rainha e Rei. 

Vista do campanário da praça defronte a Igreja do Rosário.  

Vista da imponente Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade. 

Notas e Créditos
*Texto e acervo: Ulisses Passarelli
**Fotografias: Iago C.S. Passarelli

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Cenas & Cenas - Festa do Divino 2016 - São João del-Rei

A santa balanceia no andor - parece que dança ao som dos tambores... 

Capitães do Moçambique Santa Efigênia, do Bairro São Geraldo, São João del-Rei
 - da esquerda para a direita, "Borracha", Tadeu e Danilo - tradição!

Flores e mais flores ornamentam o santuário para os festejos jubilares. 

Mastros e congadeiros - o mastro de aviso anuncia as datas limites do festejo. 

Congadeiros se reúnem na Igreja de Santa Terezinha para a formação do Cortejo Imperial. 

Congadeira da guarda de marujos de Dores de Campos. 

Ocasião de descanso... 

Coreografia do congado de Cláudio. 

O brilhante congado de Coronel Xavier Chaves. 

Senhoras observam a passagem dos marujos.  

Catupé de Ritápolis... 

... e de São João del-Rei, da Avenida Santos Dumont. 

Estandarte abre-alas, para cortejos e procissões. 

Congado de Resende Costa, um catupé com a bandeira de São Benedito. 

Senhor Rei, Senhora Rainha!

Ganzás tocados por congadeiros de Cláudio. 

Enfeites, adornos, penduricalhos, medalhas, cordões - o marujeiro se engalana para os festejos. 

Terno de Barroso  - presença fiel desde 1998.  

Moçambique de Passa Tempo -  responsabilidade por ser terno de pé de coroa. 

Crianças garantem o futuro do congado, como esta guarda de Cosme e Damião, de Resende Costa. 

O povo se aglomera para ver a chegada do Cortejo Imperial. 

Passa Tempo chega, levantando poeira - gungas retinem, a coroa chegou para a celebração. Apoteose!

Entrada da missa solene

O emérito Professor Abgar Tirado, desde longos anos um assíduo leitor sacro
das celebrações pentecostais - gratidão! 

O Divino olha por todos, para todos - pombinha argêntea do topo da coroa grande. 

O Imperador Eleito, Nelson Domingos de Abreu, acompanhado pela família,
adentra o Santuário para a coroação, sob a escolta dos Imperadores de anos anteriores.

Dom Célio de Oliveira Goulart, Revmo. Bispo Diocesano,
coroa o novo Imperador. O Mestre de Cerimônias acompanha e apoia. 

Imperador recém-coroado saúda aos fiéis; o Mestre de Cerimônias compartilha da alegria. 

Após a missa o povo acorre aos andores - veneração!

Nossa Senhora da Lapa - Mãe e Rainha!

Aos pés do Divino o coral lhe canta louvores!
Ao fim da celebração o povo vai à barraca para o lanche. 

Ao cair da noite inicia-se a procissão. 

Vista parcial da procissão evidenciando-se a liteira de Santo Antônio
e a multidão de fiéis que toma a Avenida Josué de Queiroz. 

Descida dos mastros - "Vem do céu, bandeira! vem do céu, bandeira!" - canta o Capitão...
Notas e Créditos

* Fotografias: Iago C.S. Passarelli
** Legendas e acervo: Ulisses Passarelli