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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




segunda-feira, 4 de setembro de 2017

São Pedro e a alma do fazendeiro

Um certo cidadão, fazendeiro, se orgulhava de não perder as missas dominicais e as festivas. Se vangloriava disso e fazia questão de contar a quantas já tinha ido ao longo da vida, pois a cada uma delas, guardava um grão de milho dentro de uma garrafa como meio de contagem. 

Era seu costume ir para as celebrações encontrar os amigos, compadres e vizinhos, na intensão de com eles conversar ao término para fechar negócios de compra e venda e negócios de barganha (troca) _ vacas, cavalos, etc. Suas preces, aliás, habitualmente clamavam por bons negócios. 

Foi então, que certa vez, na hora que ia sair para a missa chegou-lhe notícia que uma de suas melhores vacas tinha atolado no brejo. Correu com os empregados e com algum esforço conseguiu salvá-la. Trocou a roupa e correu para a missa, mesmo atrasado. Chegou na hora que o padre elevava a hóstia na consagração e de joelhos agradeceu muito. 

Como de costume, ao chegar em casa, pegou um grão de milho para guardar na garrafa de marcação do número de missa assistidas. Mas como era honesto, pensou consigo mesmo que não seria válida a contagem pois chegara atrasado; então, partiu o grão e só pôs na garrafa metade de um milho. 

Continuou sua rotina, até que chegou o dia de sua morte. Quando sua alma chegou ao céu se apresentou a São Pedro, que não quis permitir sua entrada. Protestou que era uma injustiça pois fora muito religioso, não perdera uma missa dominical a vida toda. O santo questionou e a alma do fazendeiro retrucou que tinha como provar, bastasse observar as garrafas que deixou na terra cheias de grãos de milho, cada grão contando uma celebração assistida. São Pedro mostrou-lhe umas garrafas de lado e perguntou se eram aquelas. A alma do fazendeiro as reconheceu e o santo mandou-lhe abri-las e contar os grãos e qual foi a surpresa daquela alma ao abrir todas as garrafas: encontrou-as vazias, exceto por uma delas, na qual só encontrou meio grão.

Aturdida, a alma ouviu do santo "Chaveiro do Céu", que o meio grão correspondente à meia missa que assistira, fora em verdade a única válida em toda a sua vida, pois somente nela manifestara gratidão; em todas as outras missas fora apenas pedir e com a segunda intenção de estabelecer negócios com os amigos... 

Igreja de São Pedro e São Paulo, Ritápolis/MG, 01/10/2017
(imagem sem nenhuma ligação com a narrativa, de finalidade meramente ilustrativa)

Notas e Créditos

* Texto e fotografia: Ulisses Passarelli
** Informante: José Isaías, Madre de Deus de Minas/MG, 01/09/2017


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