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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




domingo, 18 de maio de 2014

Charola

Dentre outras acepções, charola é um pequeno andor. Diz uma antiga quadrinha popular:


Charola e andores azuis. Capela de N.S. da Vitória,
São Sebastião da Vitória (São João del-Rei/MG).
"Que santo é aquele, 
que vem na charola? 
É São Benedito 
e Nossa Senhora!” 
(domínio público)

Algumas charolas tomam formas específicas, como barcos (de São Pedro e N.S. dos Navegantes - padroeiros dos pescadores) e carrocerias de caminhão (de São Cristóvão - padroeiro dos motoristas).

Charola é também um antigo cortejo peditório trazendo a imagem do Senhor Bom Jesus sobre um pequenino andor, que rapazes carregavam pelas ruas pedindo esmolas para a Festa dos Passos. A este respeito existe uma notícia levantada por Antônio Gaio Sobrinho, informando o incidente de 1781, em São João del-Rei, quando o grupo foi atacado pelo Brigadeiro Francisco Joaquim Araújo Magalhães, que espatifou o andorzinho sob os pés e quebrando a imagem do Senhor dos Passos, levou-lhe a cabeça, sem a restituir, não obstante os protestos.  

A origem da charola seria decerto portuguesa. Em Portugal há as “alvíssaras”, que segundo Cascudo“são grupos de rapazes e moças que cantam versos em louvor da Ressurreição, indo à porta da igreja ou às casas dos amigos, recebendo amêndoas, passas e tremoços.” 

Na zona da mata mineira, microrregião de Viçosa ainda são praticadas as charolas de quaresma como se fossem folias dos Passos, onde foram referenciadas por Paniago e por Giovaninni Jr.

Referências bibliográficas

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.]. 930p. 
GAIO SOBRINHO, Antônio. Visita à Colonial Cidade de São João del-Rei.  São João del-Rei: Funrei, 2001. 128p. p.107.  
GIOVANINNI JÚNIOR, Oswaldo. Registro do Folclore da Zona da Mata. Juiz de Fora: Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina / FUNALFA, 2004. (Folder)
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri. O Folclore na Zona da Mata Mineira. Boletim da Comissão Mineira de Folclore, Belo Horizonte, dez. / 1991. n.l4. 16p.il.


Notas e Créditos

* Texto e fotografia (2013): Ulisses Passarelli

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